http://www.sbcp.org.br/pdfs/19_1/02.pdf
RESUMO: O cólon humano contribui de maneira importante para a fermentação de polissacárides não absorvidos, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Este artigo analisa a importância fisiológica dos AGCC para os colonócitos e as perspectivas de sua utilização clínica no tratamento das doenças colorretais. Diversos efeitos benéficos são atribuídos ao processo de fermentação e à subseqüente produção de AGCC, como a contribuição às necessidades energéticas, à manutenção da integridade e função da mucosa colônica e implicações no metabolismo nitrogenado, de lípides e glicídios. Além disso, diversas afecções colorretais têm sido relacionadas à deficiência de AGCC, como a colite por desuso, colite ulcerativa, bolsite pósproctocolectomia com anastomose íleo-anal e câncer colorretal. Por este motivo, o fornecimento de AGCC diretamente à mucosa intestinal ou por via intravenosa tem sido preconizado em diversas condições clínicas.
Os ácidos graxos de cadeia curta produzidos no cólon, ácidos: acético (2C), propiônico (3C) e butírico (4C), uma vez formados são rapidamente absorvidos no jejuno, íleo, cólon e reto, constituem a principal fonte de energia para o enterócito, estimulam a proliferação celular do epitélio, o fluxo sanguíneo visceral e aumentam a absorção de água e sódio.
Diminuem a absorção de amônia importante em pacientes com encefalopatia hepática e insuficiência renal.
Estimulam a absorção de vitamina K e magnésio pela acidificação do ambiente luminar.
Diminuição do colesterol sérico, pelo propionato e propriedades antibacterianas prevenindo o estabelecimento de bactérias patogênicas como espécies de salmonela.
Campos, Fábio Guilherme Caserta M. de; Habr-Gama, Angelita; Plopper, Caio; Terra, Ricardo M; Waitzberg, Dan Linetzky. Acidos graxos de cadeia curta e doenças colorretais / Short-chain fatty acids and colorectal diseases. Rev. bras. colo-proctol;19(1):11-6, jan.-mar. 1999. ilus.
Para que servem os ácidos graxos de cadeia curta?
Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) são ácidos graxos orgânicos, contendo de um a seis átomos de carbono. São produzidos por meio da fermentação de carboidratos e proteínas ingeridos pela dieta, como fibras, prebióticos e probióticos. Essa fermentação é realizada por bactérias anaeróbicas, principalmente dos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus, presentes no intestino grosso. O crescimento dessas bactérias é, portanto, benéfico para a saúde intestinal e, ao mesmo tempo, inibe o crescimento de bactérias patogênicas. Dessa maneira, a composição da dieta influencia diretamente a produção dos AGCC. Os AGCC produzidos em maior abundância são o acetato, o propionato e o butirato.
O aumento da concentração de AGCC também pode trazer efeitos benéficos para os sintomas da constipação. Isso porque esses ácidos graxos são capazes de aumentar o volume fecal e reduzir o tempo de trânsito intestinal. Além disso, os AGCC são rapidamente absorvidos e oxidados pelos colonócitos (células do cólon), suprindo em aproximadamente 60% a 70% das necessidades energéticas destas células. Assim, a disponibilidade de AGCC preserva, por exemplo, os estoques de glutamina, aminoácido considerado como principal combustível para os enterócito. Outra vantagem é o estímulo à proliferação celular do epitélio, do fluxo sangüíneo visceral e aumento da absorção de água e sódio.
Um processo para produção de ácido propiônico, a partir de soro de leite, e um soro de leite fermentado aperfeiçoado tendo atividade micostática em que o soro de leite é produzido a partir da fermentação do soro de leite usando como agente de fermentação a bactéria propionibacterim acidipropionici.
Com estes benefícios, os AGCC estão associados com a redução do risco de desenvolver algumas doenças, como a síndrome do cólon irritável, doença inflamatória intestinal, doença cardiovascular e câncer.
Quimicamente a gordura presente no leite esta majoritariamente na forma de triglicerídeos, que são compostos formados por três moléculas de ácidos graxos unidas na glândula mamária a uma molécula de glicerol. A gordura no leite contem 17 ou mais tipos de ácidos graxos, variando quanto ao número de carbonos na cadeia de 4 a 20.
A composição de ácidos graxos da gordura láctea depende de fatores como tipo de alimentação, raça, clima e desenvolvimento genético, bem como o tipo de análise.
O amido resistente, os oligossacarídeos, e outras fibras são metabolizados por bactérias intestinais e formam ácidos graxos de cadeia curta, que constituem a fonte de energia dos enterócitos. Além disso, ácido propiônico, que é um ácido graxo de cadeia curta, diminui a síntese endógena de colesterol no fígado, pois inibe enzimas relacionadas na síntese de colesterol.
Professora, qual a relação da produção de AGCC no colón com o leite?
ResponderExcluirTentei explicar melhor acima e fiz outra postagem http://lucitojal.blogspot.com/2010/04/alimentos-funcionais-prebioticos-e.html, veja se entendeu?
ResponderExcluirProfessora, e quem tem problema de fígado e tem que reduzir a ingestão de gordura? Existem alimentos que fornecem AGCC diretamente absorvível?
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