http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/index.php?acao=bu&id=439
Data: 01/04/2010
Autor(a): Iara Waitzberg Lewinski
Fotógrafo: Camila Marques
Metanálise publicada pela revista American Journal of Clinical Nutrition concluiu que a linhaça pode reduzir significativamente os níveis sanguíneos de colesterol total e LDL (lipoproteína de baixa densidade), mas os efeitos dependem do tipo de intervenção, gênero e perfil lipídico inicial.
Este estudo reuniu revisões de trabalhos científicos sobre o efeito da linhaça (semente, óleo ou suplemento de lignana) no perfil lipídico do colesterol total, do LDL, do HDL (lipoproteína de alta densidade) e triglicerídeo. Os resultados referem-se aos grupos suplementados em relação aos grupos controles, ou seja, aqueles que não consumiram linhaça ou seus derivados.
Os resultados para colesterol total foram investigados em 28 estudos e um total de 1548 participantes, enquanto o LDL foi estudado em 27 artigos, somando 1471 indivíduos. A redução nos níveis de colesterol total foi significante (p = 0,02) para a maioria da população em questão, com redução média de 0,10 mmol/L. Já a redução de LDL, média de 0,08 mmol/L, foi considerada marginalmente significativa (p = 0,04).
As maiores reduções no colesterol total foram observadas com o uso da semente de linhaça inteira (- 0,19 mmol/L) e com suplementação de lignanas (- 0,28 mmol/L). Similarmente, as concentrações de LDL diminuíram com a semente de linhaça e com lignanas (ambas - 0,16 mmol/L). Não houve mudanças significativas na concentração sérica de colesterol total e LDL com o uso do óleo de semente de linhaça.
“Talvez o efeito do óleo de linhaça tenha sido mascarado pelos ácidos graxos mono e poliinasturados consumidos por meio de outros alimentos na dieta do grupo controle. O óleo de linhaça é rico em ácido alfa-linolênico (50 a 62% do óleo ou 22% da semente). Alguns estudos já relataram que a suplementação com óleo de linhaça não reduziu significativamente os níveis de colesterol e LDL sanguíneos, e que o risco para doenças cardíacas pode ser diminuído quando as gorduras trans e saturadas são substituídas pelo ácido alfa-linolênico”, comentam os autores.
“A semente de linhaça contém muita fibra (28% do seu peso), sendo que 25% deste conteúdo está na forma solúvel. Adicionalmente, a linhaça é uma das fontes dietéticas mais ricas em lignanas (esteróide vegetal de ação análoga ao estrógeno em mamíferos) e já foi provado na literatura científica que as fibras solúveis e as lignanas podem diminuir significativamente o colesterol total e LDL. As doses diárias usadas nas intervenções com linhaça foram de 20g a 50g (média de 38 g/dia)”, dizem os autores.
Em geral, estas mudanças foram maiores nas mulheres do que nos homens. Os estudos ainda observaram que as maiores reduções nos níveis de colesterol e LDL sanguíneos foram observadas naqueles indivíduos cujas concentrações iniciais eram mais elevadas.
Os resultados referentes ao HDL foram analisados por 27 estudos e 1353 indivíduos e, quanto aos triglicerídeos, foram 26 estudos e 1359 participantes. Não houve correlação significativa entre a suplementação de linhaça ou seus derivados sobre os níveis de HDL e triglicerídeos.
“Nesta metanálise, investigamos o efeito da linhaça e seus derivados sobre a concentração sérica de lipídios por meio de revisões bibliográficas de pesquisas aleatórias e controladas. Os resultados sugerem que o consumo de linhaça reduz a concentração sanguínea de colesterol total e da fração LDL, e que esse efeito é mais evidente em estudos que utilizaram a semente de linhaça, com mulheres (particularmente no período pós-menopausa) e com concentrações iniciais de colesterol elevadas. Mais estudos são necessários para investigar a efetividade da suplementação de linhaça sobre outros fatores de risco cardio-metabólicos, como doenças crônicas (como a síndrome metabólica e a diabetes), e sobre a morbidade e mortalidade das doenças cardiovasculares”, concluem os autores.
Referência(s)
Pan A, Yu D, Demark-Wahnefried W, Franco OH, Lin X. Meta-analysis of the effects of flaxseed interventions on blood lipids. Am J Clin Nutr. 2009;90:288-97.
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