Centenário da descoberta da reação de Maillard, que hoje tem um interesse cada vez maior devido ao seu impacto sobre questões de atratividade de alimentos e saúde em geral.
Economicamente, o impacto da reação de Maillard é crucial para as ciências médicas, bem como para as indústrias alimentar e farmacêutica.
A ainda há muito a ser descoberto sobre a química de produtos de Maillard e seus efeitos sobre alimentação e saúde.
A combinação de todos estes aspectos irão fazer parte da reunião deste ano do Simpósio Internacional sobre a reação de Maillard nos campos da medicina e aplicações em alimentos.
A reação que ocorre no processo de Maillard difere de outros dois processos de escurecimento não enzimático, aquele conhecido como caramelização, em que ocorre a desidratação, condensação e polimerização do carboidrato, e a degradação do ácido ascórbico a ácido dehidroascórbico, ambos levando à formação de polímeros escuros, sem o envolvimento de nitrogênio e, portanto, de proteínas.
Na figura acima podemos ver a glicação proteica, conhecida como Reação de Maillard, ocorrendo entre açúcares redutores e grupos amino livres da proteína, via adição nucleofílica, formando bases de Shiff. Essas bases são rearranjadas para uma forma mais estável e essencialmente irreversível, chamada de produtos de Amadori. Durante esta reorganização, grupos intermediários carbonila são acumulados. Estes compostos são conhecidos como alfa-dicarbonilas ou oxaldeídos, incluindo a 3-deoxiglicosona e metilglioxal (Baynes e Thorpe, 1999). As alfa-dicarbonilas tem a habilidade de reagir com grupos amino, sulfidrila e guanidina em proteínas (Lo et al., 1994; Frye et al., 1998). As alfa-dicarbonilas podem também reagir com grupos lisina e arginina de proteínas, formando compostos estáveis como os aductos N-(carboximetil)lisina (Basta et al., 2008).Devido à heterogeneidade das estruturas formadas, denominadas AGEs, podem ocorrer formação de ligações cruzadas. As proteínas afetadas por este processo, geralmente, são estáveis e de longa vida como o colágeno. A formação das ligações cruzadas induzida por ligações de AGEs aumenta a rigidez da matriz proteica, impedindo seu funcionamento, bem como aumenta a resistência à remoção por processos proteolíticos, afetando o processo de reposição tecidual. Esses processos permitem o avançar do envelhecimento e aceleram as doenças relacionadas a idade (Paul e Bailey, 1999).
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